quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Tempestade no coração




Querendo a aguarela
respirar-me na tempestade celeste
saciavam-se com pétalas de fogo

e areia fina em chuvisco
e vertendo insalubres

e penetrantes rasgos de memória
aqueles olhos onde a raiva esculpia

sombras de madeira
jamais planeadas na rota

mais fria do meu rosto.
.
O gesto oco da voz

que incidia na omoplata florida
submergia num sorriso irónico

que o vento teimava em sacudir
perante o som de pregos de aço

martelados entre os dedos
como se eu esperasse a redenção

das folhas onde escrevi
palavras que nunca lembro

nos momentos em que te sonho.
.
Sei de cor que foram muitas

as vezes que me deixaste amargurado
com as sílabas que foste proferindo

em dias de intempéries
ou mesmo quando o sol escarlate

tombava sem receio sobre o mar
eu sentia o chamamento

da fina película de óleo nas ondas
que me incendiava os poros

na esperança que surgisses na tela.
.
Não se ouvia mais nada

para lá das muralhas em ruínas tristes
Onde silenciosamente

teimavam em pousar as gaivotas viajantes
Fui-me perdendo nas horas

onde o quartzo nunca foi sugerido
para manter um rigor de horas

minutos e segundos elegantes.
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Gélida a tempestade no coração.
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Mesmo querendo emoldurar

a saudade nunca saberei pintá-a
porque é impossível descobrir

a dimensão que ela tem!
Como não tem dimensão
tudo aquilo que és
e tudo o que sinto por ti.
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pesca(dor)



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Coloquei o aquário sobre o tapete grande e vermelho da sala.
Lançei a cana de pesca do positivismo que ganhei durante
toda a minha vida(um pequeno rasgo de vida) e sentei-me
à minha espera. Sem isco, sem voz, perdi-o todo de uma só
vez num segundo maldito e isso foi um rombo demasiado grande
na minha existência para não naufragar ao largo de mim mesmo,
pois espalharia os vidros pelo tapete e os peixes morreriam
com a mesma sede com que pescava sem anzol aquela dor.
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Gostava de pescar a minha inocência de quando não era infeliz,
mergulhar nas águas e nadar com as raias e cumprimentar os tubarões,
mesmo que eles insistissem em seguir-me depois de lhes dizer
adeus. No fundo, tornar-me pescador que sorri quando regressa
a casa, depois de um dia que começa mesmo antes do sol nascer;
ser como os anjos que habitam as águas e deliram com a luz nos
corais. Descobrir porque choro, quando a vida foi feita para sorrir,
e lançar as redes para o jardim cheio de pétalas perfumadas.
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Sinto tanto a tua falta.
Preciso tanto de ti.
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Amargura e dor

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É uma dor
que não tem tamanho.
Não dá para descrever...
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É uma solidão tão imensa
que nenhum infinito
Poderia descrever.
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É uma amargura
que me arrasta pelas sombras
Tão escuras que não dá para descrever.
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É uma desilusão tão cruel
que me rasga o coração
E em que é tão difícil viver!

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Amor da minha vida...



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São Valentim
Vou falar-te deste amor sem fim
para que sejas testemunha
do que sinto dentro de mim..
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É sobre uma estrela
uma flor.
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Voo nas asas de um sonho
que alimento com este imenso querer
do qual nunca vou desistir
por muito que possa doer.
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Que já dizia o poeta:
"Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração"
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Olho o céu cinzento,
em dias de estrelas
e em dias de chuva.
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Sou assim.
Podes levar de mim o que quiseres.
Não te peço nada em troca:
tudo e nada só o teu coração pode dizer.
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Silenciosamente
guardo uma amargura,
desilusão que não dá para esquecer,
mas nunca irá para longe...
o amor que sinto por ti.
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Por mais que me perca
Hei-de lutar por ti até morrer.
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Que a esperança é a minha companheira de viagem,
e com ela hei-de ver-te e sentir-te
em qualquer mundo, em qualquer rio,
em qualquer margem.
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O amor é um sentimento
que nunca terá fim!
Vou amar-te sempre no meu peito
Mesmo que estejas longe de mim.
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Que é eterno este desejo,
este amor quente e verdadeiro.
Hoje? Hoje queria um beijo...
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Desço o apeadeiro
e desaperto o laço.
Está frio...
Quero o teu abraço.
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Há uma luz que ilumina
todas as noites a minha almofada
Estás sempre comigo
mesmo num deserto onde não haja mais nada.
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Que aqui: no coração
O estaleiro continua montado...
És a minha paixão
E não vou desistir do amor
nem deixar a obra a meio
e fugir para outro lado.
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Há uma brisa que vem de mansinho
tocar-me o rosto
em que corre um fio de cristal fino
que desce dos olhos.
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No barco que é a vida
Iço as velas do barco
e procuro-te... procuro-te... procuro-te...
nos sete mares...
em todas as galáxias!
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Que esta busca de querer-te
nunca terá fim!!!
Pois és já todo o meu mundo
que vive dentro de mim!
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Amei-te ontem
Amo-te hoje
Amar-te-ei sempre.
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GRITO:
ESTRELAAAAAAAAAA
AMORRRRRRRRRRRRR
mesmo que não
me
ouças
por cada letra que leste
estive a dizer-te
o quanto és para mim.
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Sou como as ondas do mar
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~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Podes ver-me
Podes partir
sem se te despedires de mim
Mas quando voltares
Vou receber-te
com a mesma magia de ondas
em que vieste ver-me
noutras noites
noutros dias
noutro luar.
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Que o mar é imenso
e a espuma é infinita!
Tu és a flor, o anjo denso,
a doce e bonita.
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Fecho os olhos mais uma vez.
Abro-os e fixo-os nos teus.
Dou-te a mão mesmo que não saibas.
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No momento em que choras
abraço-te sem saberes
para te confortar...
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Mesmo quando me olhas mais friamente
fico a palpitar
pois penso no teu imenso sorriso
que é impossível de esquecer.
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Que venha a mágoa bater-me à porta!
Que venha a dor espreitar-me à janela!
Que venha a desilusão entrar-me pela chaminé!
Que venha a amargura amordaçar-me o coração!
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Sou como um gladiador:
Resisto até ao fim!
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Não posso adiar o amor!
Não vou adiar o coração.
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Desistir? Nunca! Nunquinha!
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Ser como a estação de partida
ou o apeadeiro para um regresso...
que sejas sempre parte da minha vida
é o único trajecto que te peço!
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Amo-te.
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(Para o meu anjo...)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A maior dor



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A maior dor seria a solidão que sinto

sem ti,

mas nada me dói mais
do que saber da dor que sentes,
mesmo que não penses em mim.

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Amo-te.
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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Magia...




Saudades da magia

sob um céu de estrelas

num lugar só nosso...

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Hoje apenas amargura

A solidão sob o mesmo céu,

onde fico a olhar

as mesmas estrelas

com a magia ausente.

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E um rio corre pelo rosto.

Sem fim.

domingo, 7 de fevereiro de 2010



Saudades de ver as estrelas,
saudades da estrela do meu luar...
queria tanto voltar a vê-las
junto do meu anjo com tanto amar.
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Se eu pudesse descrever
tudo aquilo que sinto por ti...
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A saudade não pára de crescer
mas a solidão não me deixa
para que eu te possa ver.
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Há a mágoa e a tristeza,
e também a desilusão...
mas sem me zangar, mais forte a beleza
com que te amo do coração.
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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A magia de um sonho...



Escolhi um lugar tranquilo para te amar interrompido somente pelas ondas do mar,
misturando o sal na tua voz. Sentados, confortáveis, meditávamos em silêncio
como almofadas e as pernas cruzadas em lótus..
Respirávamos calmamente, relaxando, sentido a brisa marítima.
Cada expiração um desejo, cada gesto uma atenção redobrado sobre os corpos.
Os pés em contacto com a areia fina, cansados da caminhada sobre a espuma.
Sentiamos cada pedaço do vento. Sentia cada pressão interior da tua alma,
os teus olhoares difusos, progessivamente mais brilhantes e misteriosos.
Eu sentia. tu sentias. Deixei que tudo te captasse a atenção e vibrasses
como as algas à tona da água. Os meus dedos passeando na tua face.
Fazer desse momento um momento de prazer. Os corpos estabelecendo um primeiro contacto,
felizes por sentir o luar mergulhado na pele- outra tinta para a casa da vida, a íris?
Não formulámos palavras, sentimos apenas.
A pouco e pouco o contacto com as demais partes do corpo através das estrelas,
agradecidos pelo seu calor, pela sua genuína atenção.
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Os corpos despidos sobre a areia inundada de espuma da paixão.
Um elo, um calor, um suspiro, um arrepio deslizando como néon aceso pela seda,
uma outra forma de suor, de prazer, delimitando os contornos de ambos so seres
que habitamos, que sentimos, que conhecemos( outras vezes nem tanto)...
e buscamos o espírito do céu, a loucura de cada gemido que a terra solta.
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O perfume do teu interior fluindo para as rochas,
arrebatando-se num flash de suprema ternura e satisfação.
Um desabrochar, um levitar de prazer infindável;
inolvidável, como a luz do farol que ao longe rompe o nevoeiro
e mergulha na imensidão dos barcos que flutuam sobre espelhos de água.
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No instante seguinte o teu sorriso mais aberto, mais puro, suave, mais perto,
o abraço das anémonas à volta do meu corpo humedecido,
do meu peito colado aos teus seios de olhos fechados dormindo em silêncio.
Desce a maré até ao umbigo, cresce a noite, o sono e as pálpebras cerradas,
já os meus dedos mergulham na gruta funda e húmida tocando a areia molhada.
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Outras curvas se desvendam ao fundo das tuas costas suaves, salpicadas por tiras de cabelo
junto aos ombros, como portas semi-abertas para entrar como um fantasma
e esconder-me nos finíssimos fios e esperar o dia seguinte
sem que a prata da lua caia na totalidade sobre a ondulação.
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Adormecidos na areia, amando também a sonolência tranquila,
sonhamos perdidamente de mãos dadas, como gaivotas no seu voo
ligadas pelas asas inconfundíveis do desejo e da felicidade.
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Também a praia dorme.
Somente as ondas continuam, limpidamente, secretamente,
subindo a areia,
tentando tocar o teu corpo,
mas onde a única onda sou eu
e o mar ali tão perto, é o meu coração junto do teu...
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A magia de um sonho...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Desassossego




Ouço o ruído da gravilha,
as células que se fecham
na curva melancólica
onde sou aguardado
com encanto
desesperado.
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É absoluto o tumulto,
o demónio
atravessado na solidão.
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Ouço a gravilha melancólica
que bate no vidro
o explodir das células
na plenitude de um manto
maior que o meu corpo.
.
A curva do demónio
engloba-me,
a solidão marca o meu desassossego...