sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sinfonia em sete tons




Música,
monstros alinhados no banco branco junto da parede
submersa pelo cais das interrogações.

Cravos,
luzes da ribalta espelhando na carpete vermelha
onde se repetem os termos da aparência.

Anémonas,
um circo de trevas amarguradas na amargura da monotonia
borbulhando em quimeras de areia pálida.

Fechaduras,
bagos de arroz alongados e translúcidos
fecundados pela fome.

Estações,
partidas e chegadas no subsolo crítico da solidão
em quatro prantos de sol e neve.

Personagens,
entoações diversas numa espiral de monólogos descoloridos
feitos à medida da minha imensurável nostalgia.

Viagens,
beijos aos solavancos numa enseada de estrelas
como dedos salivando notas numa guitarra.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Elas teimam em ficar...





Dividir.

Cinco dedos apertados.
Um casaco de malha.
Cor de Outono incurável.

Unir.

Braços corrompidos pela saudade.
Sorrisos tolos de face a face.
Pele do rosto iluminada.

Sucumbir.

À energia fundamental.
Ao amor feito de verdade.
À respiração invertebrada.

Alto.

Que voa em mim arame farpado.
Que cai ferro puro dos meus olhos.
Que sou prisão com grades feitas de mim.

Noite.

Onde as lembranças não partem.
Onde tu pareces não chegar.
Onde as lágrimas teimam em ficar.