terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ponto de luz



As pestanas enraivecidas
transbordam do relógio oculto
que esconde os olhos amargurados,
desmaiados num lago
que naufraga no barco da dor.
.
Criei raízes profundas de sentimentos
que alimentaram a minha esperança,
resgatando-me do abismo trémulo,
onde passava horas a sofocar-me
na precisão do quartzo louco.
.
Renasci no teu sorriso de céu,
vi-me no brilho das tuas estrelas,
ouvi-me na tua carne doce,
respirei-me no toque da tua pele;
senti-me no paladar das tuas mãos,
sucumbi de desejo nos teus abraços,
dissolvi-me de felicidade
no inesquecível instante de amar-te.
.
Hoje respiro a secreta ternura
que deambula entre a mágoa
e a paixão avassaladora
que permanecerá para sempre.

.

Não sei mais como erguer este coração de cristal estilhaçado, frágil, indomável.
.
Não sei como adormecer sem o ponto de luz,
único e insubstituível,
que és na sombra minha vida.


rainbowsky

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Viver às escuras





Num fundo azul as bolas explodem
presas pelos arames dos meus tornozelos.
Tenho um olhar alienígena nos traços da face
amordaçado ao fim de cada segundo.
.
Alta tensão em cada frágil despertar.
.
As baias perfuram a malha da pele,
as estrelas são poeira no colarinho ensanguentado;
a noite esconde os olhos rendados
de um corpo que não sabe dançar.
.
Apagão.
.
Fecho os olhos devagar.
Não espero abri-los novamente enquanto doer.
.
Terei de viver eternamente às escuras?



rainbowsky