sábado, 31 de outubro de 2009

007 - Operação Mimos



Os meus olhos olham fixamente os teus
e sinto que muitas vezes queres fugir-lhes,
não porque não sintas,
mas pelo medo de sentir cada vez mais.
.
Entra por mim adentro um mar gelado,
uma vontade imensa de arrasar o frio cortante
que me assola o corpo
com os teus abraços longos e quentes.
.
Observo a tua pele sedosa,
os teus cabelos macios e cheirosos,
o teu sorriso incomparável.
.
Não visto o fato preto
nem ponho a camisa branca.
Não te seduzo assim.
Prefiro seduzir-te
com o plano dos meus olhos
quando te digo tudo o que sinto.
.
Sinto falta dos teus beijos
das tuas palavras mágicas
do teu carinho infinito.
.
Preciso de pôr
a operação mimos em andamento
só assim posso receber
os teus carinhos num e outro momento.
.
As estrelas, tenho-as visto tão sozinho...
Faltas-me no escuro
para sussurrar-me o amor...
Enquanto isso te assusta e te faz temer
Eu arranjo armas contra o medo
para que o possamos vencer.
.
007 Operação Mimos
Só poderá ser bem sucedida
Porque mesmo que me apague no meio de limos
hei-de amar-te em qualquer vida!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Saudade



Os olhos doem
mas consigo ver-te sempre no meu coração.
.
As minhas mãos tremem
mas seguro-te firme no meu peito.
.
Os ouvidos têm zumbido
mas segredo-te palavras de ternura.
.
Os lábios não se movem
mas beijo-te mesmo quando estás ausente.
.
A cabeça parece rebentar
mas segura-se porque estás na minha mente.
.
O sorriso está anestesiado
mas no mundo do sono acordo.
.
Toca-me com os teus dedos,
e diz-me que nunca mais
te afastarás dos meus...
.
Preciso de ti.
Preciso de ti.
E o eco da minha voz
Grita no teu peito.
Será que ouves as saudades
que sinto por ti?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O sonho...




Na noite escura de insónia
há uma alma que em mim carrego
que se transforma em silêncio doloroso.
.
As nuvens que se vislumbram no céu
escondem a lua numa penumbra que começa mais cedo
com a mudança de hora e antecipação das noites.
.
Sentado na cadeira
de roupão azul vestido,
qual céu perdido no universo,
pele sedenta de ternura,
pele sedenta de carícias
e de lábios humedecidos...
Respiro o ar frio que entra pela janela aberta da sala.
.
Vou com os passos incertos,
cabeça num rodopio de chumbo
que me vai pesando ainda mais a cada segundo que passa;
o pé dormente,
um formigueiro que se alastra pelas pernas
e me faz parar junto à cama
quando bato com os dedos na madeira da mesinha de cabeceira
e dói.
Não aquela dor que vai no coração,
mas uma outra que se junta a ela,
mas não faz esquecer a anterior, que permanece.
.
Afasto os lençóis e deslizo para o abismo
onde a solidão é como um bicho da madeira
a dormir entre os lençóis.
.
É então que vem o sonho
e nessa noite de sexta para sábado me dizes.
Dizes-me que domingo estarás comigo.
.
E o tempo passou e já é domingo.
Sorris e abracas-me quando me olhas.
Amas-me os lábios em silêncio de olhos fechados.
Dizes que o amor é infinito
impossível de apagar:
que te sentaste à espera
e que quando te levantaste o coração te levou até mim.
Porque o tempo me quererá contigo,
porque me amas e me queres contigo.

Nesse instante estavam os lençóis aquecidos,
teu corpo num dormia junto ao meu;
a estrela brilhava dentro de uma boa de cristal
com o contacto das nossas mãos.
.
A luz iluminava docemente o teu rosto
e os raios tenuamente chegavam ao meu.
Era mágico.
.
E foi então que acordei.
Era sábado e esperei.
Foi domingo e esperei.
Como se um barco viesse do horizonte ao meu encontro,
sentei-me no vazio dos degraus
e esperei que chegasses.
.
A noite voltou,
mas não estavas.
Apenas o meu coração a palpitar,
o meu peito em chamas
consumindo-se.
Amando-te sem estares,
amando-te sem saberes.
.
Voltei ao silêncio dos lençóis,
ao abismo onde me sinto sozinho
e lutei contra a insónia que me devora.
.
Hoje não tenho sono.
Mesmo sem querer sentir isto:
sinto-me sozinho.
.
O amargo da ausência.
Sinto-me sozinho,
sem ti.
-
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sábado, 24 de outubro de 2009

Beijo




Um beijo,
um mimo,
um sorriso,
um toque,
um silêncio,
um sentido,
um lugar,
um sentimento.
.
Uma boca,
outra boca,
a razão,
a paixão,
o luar,
uma estrela,
o mar,
a tentação,
a viagem,
a luz,
a escuridão,
o ritmo,
a imagem,
a sensação.
.
A tormenta,
a ternura,
a saudade,
tu, eu,
o abraço,
amizade.
.
O romantismo,
o carinho,
o retrato final.
Espaços vazios
libertos de sal..
.
Adeus amargura,
adeus tristeza...
Um toque de magia,
e no teu íntimo
a beleza.
O sol,
o céu,
confiança.
.
Uma praia esquecida,
uma cascata de fogo,
um oásis de sabor,
um gemido doce,
um olhar de licor.
.
A espera,
um barco junto ao cais,
espuma entre os dedos,
respiração,
temperança.
.
Uma sombra,
o orvalho nas pálpebras,
as nádegas despidas,
um espelho na folhagem,
teu corpo nu,
eterna viagem.
E o beijo.
.
Revisto a medalha de bronze
com a película da ternura.
.
Transporto as nuvens
e faço-te flutuar sobre elas,
seios gelados
aquecidos pelos lábios
do pôr-do-sol;
uma aurora de cor,
um cântico de amor.
.
Que este querer
é mais que orquídea
num jardim florido
a renascer,
é planície de ânsia
e montanha sinuosa
de desejo em te ter.
Os lábios em aproximação.
.
Viro o mundo ao contrário,
e desenho galáxias
no teu sorriso,
abro o armário,
tiro a camisa
que visto
para me encontrar contigo.
.
Sou pedra simples
num riacho
onde és água corrente,
sou peixe
e tu és coral,
sou ser imperfeito,
mas real.
.
Caminho no teu corpo,
sou passeio polido,
chão de madeira afagada,
para os teus pés descalços,
sou colo onde te deitas
para dormir debruçada.
.
Sou continente,
tu és mundo,
sou sistema solar,
és universo,
sou arco-íris
és tela
onde ele está pintado.

.
Lábios humedecidos
íntimo da tua pele
como pena leve ao vento,
uma leve brisa da minha boca
em sopros quase imperceptíveis
para arrepios infinitos.
.
Traços de carvão,
pirâmides de mistério,
como um furacão
no outro hemisfério.
E um beijo.
.
Que eu ouço a tua voz,
sinto o teu paladar,
cheiro a tua essência,
tacteio o teu mundo
e vejo o teu olhar.
.
Fecha os olhos
e dá-me a tua mão...
podes confiar-me a vida,
se achares
que a podes estar a perder!
Porque para ficares com ela,
dava-te o meu coração
num beijo
para conseguires viver!
-

sexta-feira, 23 de outubro de 2009



O coração tem medo.
O medo ri.
.
Há-de extinguir-se
dentro de ti.
.
Que eu sou lutador feroz
impossível de desistir!
.
Abre o peito. Fecha os olhos.
Sente .
.
O medo há-de perceber
que foi vencido.
.
Hei-de abraçar-te
e literalmente estares comigo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Silêncio




As tuas mãos pousadas nas minhas
querem dizer alguma coisa.
Os teus braços à volta dos meus ombros
querem dizer alguma coisa;
os teus cabelos ao vento dizem tudo
sem que fales com lábios sedentos de ternura.
O teu corpo treme de ansiedade
porque deseja mas tem medo.
.
Teu coração bate forte forte no peito
e conta-me os segredos do que sentes.
O rio agitado no teu sorriso, nas tuas lágrimas,
diz-me.
E corre sem fim.
E as árvores são testemunhas do meu respirar...
E é este brilho que se reflecte nas água,
o brilho dos teus olhos ao fim da tarde
que me fascina
e me diz alguma coisa sem conseguir falar.;
.
Olho-os fixamente e sei o que eles sentem.
Eu sei, que apesar do receio
que te tatua com silêncio:
também amas os meus olhos.
-

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Velha estação de comboios junto ao mar: Saudade...




Era uma menina muito doce que habitava numa velha estação de comboios junto ao mar. Nas noites mais frias enrolava-se no único cobertor que lhe restava - única memória da sua mãe -, e juntava os joelhos ao peito. depois fechava os olhos e rezava para que adormecessee voltasse a acordar no outro dia, mesmo com o corpo todo dorido da sua cama dura, mas tão sua (e de ninguém). Sozinha, vagueva pelas praças agitando as tranças caídas pelos ombros, chorava e desesperava, até que alguém se lembrava de lhe dar a mão. Agradecia os breves momentos, mostrava a sua simpatia, mas no fim ficava sempre sozinha. Numa tarde em que caíam grandes flocos de neve um homem com aspecto horrível aproximou-se dela e ela teve medo. Quis fugir, mas gelada como estava não conseguiu. Fechou os olhos temendo o pior. Ao invés disso sentiu o calor um abraço, quente mas triste. Ficou imóvel e não disse nada até que deixou de tremer e os olhos ganharam de novo vida. Ao abrir as pálpebras viu umhomem maravilhoso, um coração transbordando solidariedade e ternura. Docemente, como se a vida fosse calma com aroma a camomila, sorriu, levantou-se, fez uma vénia ao homem, saltitando depois entre a neve, esquecida da solidão. Na noite seguinte lá estava ela na velha estação. Agora o comboio saía das suas palavras e o mar vestia-se com um aspecto escuro (o aspecto das tempestades). Ela poderia adormecer, esse mesmo mar guardá-la-ia mais uma vez, não deixando que ninguém se aproximasse dela... ninguém que não tivesse o mínimo de amor dentro de si. Onde quer que estivesse, talvez aquela estrela brilhante no céu, a menina sabia que a sua mãe estava sempre com ela. Saudade...

domingo, 11 de outubro de 2009

Simplicidade...



Não sou pedaço de ouro encantado
nem quero ser prata brilhante,
muito menos diamante lapidado
ou esmeralda cativante.
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Esquece todas as opalas,
e desliga a margem dos sentidos,
o que me importa é que falas
com os teus olhos desmedidos.
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Rubis não me aquecem a esperança
e de platina não preciso para a lua,
basta que me entregues confiança
numa pétala de rosa nua.
.
Quando de mansinho eu adormecer
não quero bronze ao fundo da cama
vale mais o meu sorriso por te ver
que encontrar uma fortuna na lama.
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domingo, 4 de outubro de 2009

Caminho de luz



Dou passos na noite escura em silêncio
enquanto penso no teu suave olhar
e logo surge um caminho de luz
onde eu posso seguir-te sem te tocar.
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Há uma brisa que se instala em mim,
céu de saudade a cada momento
um rosto que viaja sem fim
ao encontro de uns braços em movimento.
.
Ao longe a tua silhueta com luar
e a tua sombra na paisagem
trazem-me às palavras um cantar
para te murmurar na viagem.
.
A viagem que faço
às margens do rio na emoção
onde deixo um pequeno traço
que se liga ao coração.
.
E sem conseguir falar-te
Escrevo esperança de mansinho
com trinta e dois pontos de luz
iluminando o meu caminho.
.
A noite vai passando devagar,
A minha alma vai esperando,
E sem nunca deixar de olhar
Ao teu ouvido vai amando.
.
São já muitos mais os pontos de luz
E uma força cresce firme em mim!
Tudo em ti me seduz
Enquanto luto, luto, sem fim!
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Deixo-te um secreto beijo:
fecha os olhos e respira fundo.
Pede o teu mais puro desejo
Que eu vou estar nem que seja o fim do mundo.
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Sopra com a suavidade
que só tu consegues ter
E sorri, por que na verdade,
Vou-te amar mesmo depois de morrer.
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Agora esqueço vírgulas e respiro
e não deixo pontos finais neste poema
cada dia é um novo suspiro...
um abraço com novo tema.
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A luz há-de expandir-se
e nunca haverá escuridão!
os teus dedos hão-de fundir-se
com a luz da minha mão.
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Dorme devagar porque sim
que secretamente hei-de acordar-te
quando estiveres perto de mim
e não seja preciso sonhar-te.
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Nenhuma vela apagará com vento
nem tão pouco deixaremos de sorrir
há-de esfumar-se o desalento
para que possamos uma estrela construir.
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Vou deitar a cabeça na almofada
e esperar que o anjo de ti possa chegar
a telepatia é a nossa fada
para que mesmo ao longe te possa falar.
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Aconchego-te nos meus braços...
Shhh já podes adormecer...
Não há medos nem espaços
que nos possam estremecer.
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Que este amor que sinto
não tem escala que o meça.................................................
porque no meu puzzle interior
És a mágica última peça!
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Medos II - Abraço-te



Pode o tempo parar,
as horas perderem-se,
os minutos gastarem-se em lutas,
os segundos cairem das árvores
em lutas;
os segundos cairem das árvores
tombadas pelo vento,
os centésimos serem cristal frágil
os milésimos finíssima folha de papel
para queimar as minhas mãos,
mas eu não deixarei de as entrelaçar nas tuas.
.
Abraço-te
.
Pode o chão de madeira nos meus olhos partir,
escorregar na resina fria das células,
diluir-me numa floresta negra
onde não chega o sol;
ser chicoteado pelos ramos na tempestade
e não deixarei que a noite íngreme,
por maior que seja, vença.
.
Abraço-te.
.
Pode a pele do meu corpo sofrer uma mutação
que me torne irreconhecível,
o pôr-do-sol tombar vermelho
nas minhas unhas ensanguentadas com os dedos feridos,
os pés encherem-se de poeira agreste
ter sede infinita,
mas ainda assim segurarei a corda
para não caíres.
.
Abraço-te.
.
Posso ficar preso numa rede feita por um assassino,
emaranhado numa teia de aranha gigante
sem sentimentos;
ser picado por abelhas africanas,
sentir na garganta o nevoeiro escuro do silêncio...
Amordaçando-me
e ainda assim gritarei o teu nome ao céu
para que nunca me esqueças
e saibas que na noite mais escura sem luz,
pontuarei de estrelas o teu rosto triste
para que me sorrias.
.
Abraço-te.
.
Podem levar-me para longe,
largar-me no mar
onde sou amador entre os peixes
e presa para os tubarões esfomeados;
beber a água salgada para a minha alma e ter hipotermia,
adormecer quase lívido
e o meu coração continuará a bater
para não te deixar naufragar na tempestade
que existe em muitos momentos à tua volta.
.
Abraço-te.
.
Podem tirar-me o papel e a caneta,
destruir todas os livros e folhas de jornal,
contruir aviões que se desintegrem,
ou naves para enviar para órbitas longínquas
que nunca mais voltarão;
podem tirar-me a voz,
fechar-me as pálpebras para que o brilho dos meus olhos
não te fale.
Podem paralisar-me os sentidos, apagar-me os sonhos,
reescrever a minha existência,
fazer amnésia de betão na minha mente,
erguer arame farpado nos meus lábios
que chegue até a lua
e o sangue de mim tingir os lagos...
Podem arrancar-me o coração do peito,
enjaulá-lo numa solitária,
deixar que o inverno crie raízes na minha face
ou arrepiarem-me com o perfume das marés geladas
e eu não te esquecerei
e estarei aqui sempre para lutar, sem desistir.
.
Abraço-te
.
Pode o medo gritar-te ao ouvido,
entranhar-se nos lençóis quando queres adormecer...
ameaçar-te no subconsciente,
percorrer as paredes em forma de sombras,
falar-te com os caninos fora da boca;
pode o medo intimidar-te, ter braços, pernas, olhos,
voz, gestos, críticas, exigências,
e com ironia querer isolar-te do mundo,
isolar-te dos teus sonhos,
isolar-te de ti mesma
isolar-te do desejo de ser feliz:
e eu estarei sempre em cada milímetro de ti
para que o sol nasça fresco como o pão quente,
para que a chuva caia como as lágrimas de alegria,
para que a dor intensa deixe de ser maré contínua.
Transformá-la.
Combatê-la.
Moldá-la.
Vencê-la.
.
Abraço-te.
.
Pode uma flecha flutuar no vazio
e correr galáxias em busca de veneno
que me possa aniquilar como se de uma serpente se tratasse,
pode um leão surgir-me no caminho
com arrogância e ferocidade,
ou um bando de abutres dar-me bicadas:
voarei sempre no teu coração
para que ele receba o meu carinho.
.
Podem cair todas as lágrimas
mas conseguirei ser o melhor nadador do mundo.
.
Abraço-te.
.
Enfrentarei qualquer medo de ambos.
Posso tremer e a respiração ficar lenta.
Podem tirar-me tudo,
mas jamais poderão fazer-me desistir
do arco-íris que me dá cor à vida:
Tu.
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