terça-feira, 25 de agosto de 2009

Noite Fria



É o gelo nas árvores que me faz lembrar as tuas mãos,
é o frio do vento que me leva a escrever-te em silêncio
à luz imaginária de uma lareira apagada...
Sentado no sofá, abro a janela dos meus olhos,
aqueço as pupilas com as palavras que te escrevo
e espero que a manhã acorde para lá dos portais
da saudade
onde vozes ténues chamam à clareira
«mundo imaculado»..
Demoro a escrever,
não por causa da neve nas pálpebras,
mas porque o escuro me determina
a cegueira na ponta dos dedos.
E aí tenho de voltar à sensibilidade do coração,
ao delinear das sílabas,
gritando sem se ouvir para lá das colinas,
mas ecoando na tua alma...
que este poema é um ramo dessa árvore
plantada num sonho,
numa noite fria
e desenhado para ti.
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