terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pesca(dor)



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Coloquei o aquário sobre o tapete grande e vermelho da sala.
Lançei a cana de pesca do positivismo que ganhei durante
toda a minha vida(um pequeno rasgo de vida) e sentei-me
à minha espera. Sem isco, sem voz, perdi-o todo de uma só
vez num segundo maldito e isso foi um rombo demasiado grande
na minha existência para não naufragar ao largo de mim mesmo,
pois espalharia os vidros pelo tapete e os peixes morreriam
com a mesma sede com que pescava sem anzol aquela dor.
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Gostava de pescar a minha inocência de quando não era infeliz,
mergulhar nas águas e nadar com as raias e cumprimentar os tubarões,
mesmo que eles insistissem em seguir-me depois de lhes dizer
adeus. No fundo, tornar-me pescador que sorri quando regressa
a casa, depois de um dia que começa mesmo antes do sol nascer;
ser como os anjos que habitam as águas e deliram com a luz nos
corais. Descobrir porque choro, quando a vida foi feita para sorrir,
e lançar as redes para o jardim cheio de pétalas perfumadas.
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Sinto tanto a tua falta.
Preciso tanto de ti.
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