terça-feira, 24 de novembro de 2009

O rio corre...



A água corre sobre as pedras do rio,
a lua no alto espelha no fundo...
Eu sinto um longo arrepio
do meu corpo triste e profundo.
.
Sei que hoje existo no teu coração
de uma forma poderosa
preocupo-me e dou-te a mão
mesmo na estrada mais sinuosa.
.
Esta ânsia de querer-te
passa os dias a crescer
e tenho um olhar a dizer-te
que o que sinto não se vai perder.
.
Fecho a mãos com força de tanto amor
ouço o grito do meu peito...
é indestrutível esta chama de fervor
que me acompanha sempre no leito.
.
E compreendo-te melhor que imaginas
preocupo-me deveras e sinto
que há em ti um confuso campo de minas
que te causa angústia - eu pressinto.
.
Mas todos os dias te beijo
e tu nem dás por isso...
que é todo o meu desejo
nos teus lábios um feitiço.
.
Queria conseguir dizer-te
que és mais que algum dia irás saber
e consigo entender-te
que estás num labirinto a sofrer.
.
E eu só quero ver esse sorriso
a voar livre doce e profundo
pois é só isso que preciso
para te mostrar que és o mundo.
.
Está cada vez mais frio
não páro de tremer..
nos lençóis tenho um rio
silencioso a entristecer.
.
Mas grito mesmo amordaçado
que é mais forte o coração
nada me fará cair para o lado
nem me tirará a determinação.
.
Olhos nos teus olhos castanhos
e as células agitam-se sem parar
os meus olhos vão a banhos
mas não afogam este amar.
.
Não sei nadar no firmamento
nem tão pouco ver para lá do horizonte
mas resisto a ondas em movimento
pois és tu inesgotável fonte.
.
Esta minha sede não é de água pura
ou de perfume selvagem
é de tocar-te com ternura
neste trajecto, nesta viagem.
.
O rio continua a correr
e eu continuarei a amar
corro por esta sede de beber
sem desistir de lutar.
.
As margens são bravias
e há mágoa por aí à solta
mas por mais que sejam sombrias
meus dedos tocam-te em toda a volta.
.
Se pudesse explicar-te esta fonte
que corre em ti sem fim
perceberias que o rio que nasce no monte
desagua do teu corpo para dentro de mim.
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Os céus sabem que a verdade
é que este sentir é intemporal
estarei sempre aqui na saudade
no bem, no assim assim e no mal.
.
A água em mim vai correndo
o rio corre na face em plenitude...
e da tua alma temendo
nascem passos de inquietude.
.
O vento empurra as folhas contra a corrente...
A noite vai cada vez mais gelada...
mas eu amo-te tão docemente
que só a tua ausência me gela - mais nada.
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