domingo, 10 de outubro de 2010

Saudade...

Duas da manhã.
Sem saber quando vou parar-
O sono deixou de vir.
Arde no peito a saudade que tenho na tua ausência.
O silêncio continua a dilacerar-me as entranhas.
amordaça-me o peito, rasga-me a carne, faz doer,
numa dor sem fim.
.
No banco de trás
está ainda o teu cheiro,
o sabor do teu corpo
que deixa sedentos os meus lábios,
nesta ânsia infinita de ter-te nos meus braços,
merbulhar no fundo de ti e amar-te com todas as forças
do amor intemporal que sinto.
.
Não foram apenas momentos de prazer,
mas um intenso despertar do amor mágico que senti...
e quero acreditar que na tua pele e nas tuas entranhas
treme ainda o desejo, de fazer verdadeiramente amor.
.
Arde-me o corpo, nesta crescente saudade
de sentir-te, de tocar-te, de beijar-te, acarinhar-te
e fazer de ti a mais perfeita das flores
fecundadas pelos sentimentos mais puros.
.
Este respirar de tristeza de não poder sentir-te nesta noite gélida
que me atravessa a alma e o coração...
sem poder dizer-te que por mais profunda que seja a mágoa
é muito maior este amor impossível de esquecer
ou aniquilar...porque és príncipio e fim,
e estás no meio de tudo onde te amo para lá da eternidade.
.
As lágrimas correm pela face,
a vida passa-me diante dos olhos
e eu sinto falta do abraço forte de domingo à tarde
que me limpou as lágrimas
e que eu nunca mais queria que partisse,
e queria abraçar agora.
.
A cabeça explode de amargura.
No banco de trás permanecem ainda os presentes que restam
e nem tive oportunidade de te oferecer.
O livro "Um anjo chamou por mim",
porque queria demonstrar-te
que se eu era o anjo que te despertara para a vida,
também jamais deixaria de te guardar no mundo;
Hoje sei que apesar da dor infinita, serei sempre esse anjo que pedirá por ti,
que velará o teu sono e protegerá a tua alma
das intempéries, mesmo que me esqueças para sempre.
.
Olho o espelho, imagino o colar de ametistas dando ainda mais cor à tua beleza,
alimentando ainda mais o teu sorriso que sempre me deixou a respiração aos saltos.
.
Dois frascos serenam num pequeno saco de fita vermelho escuro.
Aloe vera e água do mar, óleos de massagem.
Olho as minhas mãos vazias da tua pele sedosa,
imagino-as deslizando em silencio, ondulando ternura em cada gesto.
O corpo em transe, a flutuação, a leveza, a calma, tranquilidade e amor
em cada toque eneérgico e suave na ponta dos dedos.
.
Adormeço e acordo,
grito e gesticulo.
Dói e volta a doer a solidão.
Este amor que as minhas mãos e o meu corpo possuem
e não podem transmitir.
.
Não sei se a incógnita é ainda algo que possa pensar.
Vejo-me dor e dor, e no silêncio não ouço a tua voz,
não há um gesto, não há um sopro, nã há uma luz
que ilumine a minha alma afogada na escuridão da tua ausência.
.
Perco-me, só.
Penso se continuo a invadir a tua casa e a entrar nos teus sonhos,
ou se me esqueceste de vez, contrariando as palavras
com que me dizias ser impossível.
.
E nada me resta
senão a dúvida de ser algo, pot muito ínfimo que seja,
ou se é apenas a minha estupidez que tem esperança em ser o que quer que seja,
não querendo acreditar que não seja absolutamente nada de nada.
.
E rasga-se tudo. A voz que me falta para gritar esta infindável tortura,
o tacto para poder tocar teu corpo e amar-te,
o olfacto para poder cheirar tua pele doce,
a audição que me permita ouvir um amo-te que era apenas sonho
e que provavelmente nunca tenhas sentido por mim...
o paladar de saborear-te por dentro e por fora,saborear teu beijo
e teu riso, teu interior ardente e teu exterior arrepiado.
.
A chuva cai no vidro do carro.
Desta vez estou só. Apenas o pensamento e o amor que sinto
te mantêem por perto.
O chão está coberto de lama,
o campo de futebol está vazio
e é avassalora a calma e a solidão.
.
Tenho frio.
Não ouço o teu gemido, não consigo fundir-me em ti
para te dizer que te amo além do tempo, das palavras, de tudo,
para além do céu, da terra, do mar, da chuva, das estrelas, do universo.
Os vidros não estão embaciados, e não posso desenhar-te o meu coração em chamas
que derrete em cada segundo que te sinto em mim,
nas profundezas do meu coração.
.
Fecho os olhos,
ouço o vento bater no vidro ligeiramente aberto.
Morro de tédio, morro sem ti.
Aqui nada acontece.
Aqui estou eu, só, sem ti.
.
Foges de mim,
foges sem parar.
.
Das rosas que te dei (se ainda existirem) guardas as lágrimas que verti sobre as pétalas
da tristeza que senti.
A noite veio mais depressa, as horas passaram e eu permaneci só.
.
Falaram-me de competição num impulso,
mas nao consigo reagir a esse tipo de gesto.
O amor para mim não é uma competição, nem tão pouco insulto ou devaneio.
O amor é um espaço só:
dois corações fundidos,
dois corpos unidos,
duas almas entrelaçadas,
lábios em uníssono,
num olhar musical.
.
Rodopio nos sentimentos.
Enlouqueço na tua ausência.
Os meus olhos talvez não sejam lindos,
meu corpo talvez não seja esbelto,
meu rosto talvez não seja bonito,
meus sentidos talvez não sejam perfeitos...
mas há em mim uma indestrutível certeza: que sinto,
que pressinto, que me move, me alimenta:
de amar... o amor da minha vida.
.
O pescoço dói submerso na falta de luz,
as costas dormentes não recebem beijos,
o resto de mim é apenas deserto sem toques de ti.
.
A magia teria ainda mais magia,
havia diversas surpresas para a noite mais perfeita,
e então vieram as garras da noite
cortar-me o peito de forma selvagem.
.
Fiquei imóvel horas a fio
no mesmo banco onde tanto me movi antes.
Preso à angústia infernal, sufoquei.
A música de fundo não paráva.
Eu estava, tu não.
.
Vim embora.
Nunca a noite tivera tantas estrelas.
Nunca eu sentira tanta dor.
Eram fogo no céu queimando-me por dentro e nunca mais adormeci.
.
Nos meus sonhos os pesadelos sucedem-se.
O muro alto voltou a atormentar-me.
Afogo-me, morro, desespero.
Estico as mãos na esperança da tua mão.
O pesadelo é ainda maior.
Morria sem saber que podiam salvar-me.
Agora morro sem ti.
Talvez já não morra da água, talvez morra apenas
da dor.
.
Cravo a mão no peito sobre o coração.
O peito dói na ansiedade que não pára.
O copo de água e o círculo que tomo já não me acalmam
mesmo quando aumento a dose.
Pericardite, penso.
E tento esquecer os corredores vazios,
o negro da noite que outrora me aterrorizava.
.
Dói cada vez mais a cada segundo que passa.
Nada faz sentido sem ti.
.
Vou fechar o vidro, ligar o carro e voltar a casa.
Deitar a cabeça na almofada e gritar em silêncio.
Sou morcego sem tecto, peluche sem abraço,
esqueleto sem corpo onde sentir conforto.
.
O verbo sonhar é cada vez mais profundo,
a incógnita ou não significa nada,
ou talvez um dia ainda saiba,
por entre as raízes do silêncio
e os abismos da saudade
aquilo que sou.
.
Talvez um dia o amar-me que existe
apenas não sei, se revele.
Desistir? Nunca, nunquinha!
.
Por entre toda a mágoa qu me dilacera penso na luz,
rezo por ti.
Porque maior que a dor de nao te abraçar
doi-me mais imaginar a dor que te fustiga a cabeça
e as dificuldades que aumentarão.
Já nem penso na dor do coração, porque me importa mais
rasgar-te essa dor, afastar o enjoo e a nausea,
abraçar-te em silencio, de perto, ao longe...
tocando, imaginando, mas sempre amando.
.
Porque por muito que me magoes, por muito que me possa doer sem fim,
nada me doi mais do que saber da tua dor, entrar dentro de mim.
Se pudesse ficava com toda a tristeza, com toda a mágoa, toda a angustia,
todo o medo que sentes e qualquer tipo de dor.
Sou apenas nada, e não importaria, se algo permitisse saber-te
em qualquer momento feliz.

.
Insónia atormenta-me
mas por entre a minha fragilidade
sou uma força da natureza
que a tempestade nao derruba,
que a dor não tomba,
e que nada fará desistir.
.
Do amor que sinto,
não me importo que Deus me faça carregar todos os suplícios.
Se trocaria qualquer fortuna do mund por ti,
também suportaria qualquer dor para te ver sorrir.
.
Por agora permaneço nada, no nada que sou.
Vazio, solitário, triste, num mundo onde nada faz sentido,
mas onde sei que dás sentido a tudo
porque és o meu princípio sem fim, estás no meio de tudo
e amo-te onde as palavras não chegam,
onde os gestos não tocam,
onde eu sinto
e sei
que pode acabar o mundo,
pode criar-se outro,
vás onde fores, estejas onde estiveres,
amor da minha vida,
serás para sempre
o tudo que preciso
porque
SEM TI...
nada tenho!

Amo-te.

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